O projeto de reutilização e ampliação da Quinta Alto do Rio, pretendeu pautar-se pela revalorização patrimonial da quinta propondo reintegrar o seu valor cultural de forma a desenvolver uma consciencialização social do valor patrimonial que estes equipamentos agrícolas tiveram ao longo da história da região.
O projeto teve assim uma abordagem desde a sua fase mais prematura, representando um permanente desafio à criatividade, capacidade de realização e de inovação de toda uma equipa, de arquitetos e engenheiros, na procura da excelência não só da sua recuperação arquitetónica, que responda integralmente às funções para que está vocacionado, mas, também, na vertente de valorização patrimonial com uma elevada preocupação com a sustentabilidade do local, procurando que o edifício se integre com as raízes e vivências, e aproveitando os recursos disponíveis no local.
A essência do projeto tem uma forte ligação com o elemento da terra. Nesse sentido as soluções técnicas encontradas privilegiem este recurso e a otimização energética, viabilizando soluções enquadradas com o valor arquitetónico do edifício, que apresentam menores consumos de energia e que se traduzem, ainda, numa redução efetiva das emissões para a atmosfera de gases com efeito de estufa (CO2). Sem, no entanto, descorar os requisitos regulamentares, de segurança e de impacto ambiental, bem como, os níveis de conforto espectáveis (térmico, acústico, luminoso) e da qualidade do ar interior.
O edifício foi devidamente integrado no paisagismo do local, enquanto promove a inclusão e comunicação com a comunidade local, a biodiversidade e o fornecimento de habitat para espécies autóctones. Foram asseguradas as seguintes estruturas:
O edifício teve uma forte preocupação com a maximização da conservação da água, necessária à subsistência de todo o pomar, apoio agrícola e para o empreendimento de agroturismo.
Adicionalmente à utilização racional do recurso da água e da sua reutilização, conforme anteriormente descrito, foram implementadas as seguintes medidas adicionais de gestão da água:
‒ As estradas, estacionamento e passadiços implementados com pavimentação permeável;
‒ Equipamentos sanitários com dupla descarga, bem como torneiras e chuveiros de baixo fluxo de água em todas as instalações sanitárias.
A proximidade e a relação do edifício com a atividade agrícola polariza o desenvolvimento de soluções técnicas para a utilização de recursos renováveis disponíveis no local, permitindo assim potencializar a implementação de sistemas energéticos mais eficientes, elencando-se as principais estratégias adotadas:
‒ recurso a Chiller’s Bombas de Calor de condensação a ar, mas com a versatilidade de poder ser convertido para utilização do recurso geotérmico de forma a utilizar o recurso natural do solo;
‒ A eficiência do sistema foi otimizado utilizando o armazenamento térmico sazonal, permitindo reduzir potência térmica do equipamento instalado, sendo os picos de maior necessidade térmica satisfeitos com o recurso à inércia.
‒ Adicionalmente, também é realizado a recuperação térmica entre ciclos de transferência de calor, quando em funcionamento em modo de arrefecimento, a condensação (aquecimento) é aproveitada gratuitamente, e em modo de funcionamento inverso, também.
‒ a adoção de sistemas de radiação (pavimentos radiantes) interligados à bomba de calor de modo a realizar o arrefecimento de modo a utilizar o recurso natural do solo;
‒ Sistema de produção de água quente sanitária e água aquecida com recurso renovável proveniente de biomassa disponível no local, proveniente dos resíduos florestais e agrícola, através da interligação dos recuperadores de calor a água (lareiras), devidamente interligados com o sistema centralizado;
‒ Será danda prioridade a este equipamento, quando com disponibilidade deste recurso renovável, adicionalmente às bombas de calor;
‒ utilização de energia solar térmica para produção de água quente sanitária (AQS);
‒ sistemas de produção local de energia elétrica com aproveitamento de energia solar renovável com recurso a painéis fotovoltaicos;
‒ utilização de iluminação exterior com recurso, sempre que possível, a fontes renováveis;
Do ponto de vista da energia, a integração de soluções que explorem o potencial da arquitetura permitiu, desde logo, a conceção de sistemas de climatização mais simples e energeticamente eficientes sem, no entanto, descorar, os níveis de conforto térmico espectáveis e a qualidade do ar interior.
‒ Otimização da área envidraçada, de modo a promover a luz natural no interior dos espaços do edifício, promovendo uma maior penetração no inverno da luz solar, contribuindo para o seu aquecimento natural;
‒ Seleção específica do envidraçado, tendo em consideração o elevado nível da radiação;
‒ Elevado nível de isolamento térmico e correção de pontes térmicas; Minimização do impacto negativo do clima e tornando o edifício mais sustentável;
‒ Promoção da ventilação natural, através de aberturas permanentes nas fachadas em contacto com o exterior, garantindo, assim, uma ventilação transversal;
‒ a proximidades com os panos de água e a vegetação permitem melhorar a qualidade e o arrefecimento adiabático natural do ar;
‒ Inércia Térmica: lajes de piso e da cobertura em alvenaria pesada podem absorver energia solar durante o dia e libertar o calor para as superfícies internas durante a noite.
Nas várias encostas da Quinta foram plantadas fruteiras, atendendo sempre às características climáticas do local.
Assim na parte mais alta da Quinta, foram plantados castanheiros e cerejeiras; na parte inferior, a uma cota bem mais baixa, foi plantado um pomar misto, com citrinos, macieiras, pereiras, ameixeiras, entre outras fruteiras.
A fertilização do solo é baseada na incorporação de composto orgânico elaborado na Quinta utilizando mato da Quinta, estrume de vaca ou de ovelha de produção extensiva, da serra e bagaço de uva.
A gestão das ervas é efetuada através do corte da vegetação na entre-linha e do empalhamento com mato, na linha. Estas práticas poupam muita água e aumenta a fertilidade do solo. Há o cuidado de efetuar o corte da vegetação., o mais tarde possível, na Primavera, para que esta vegetação funciono como infraestrutura ecológica que atrai inúmeros auxiliares invertebrados e vertebrados, que muito contribuem para a limitação de pragas.
As práticas agrícolas implementadas na Quinta, bem como a sua localização e diversidade de habitats, permite a presença de dezenas de espécies de aves, designadamente: a andorinha daurica, Hirundo daurica; a andorinha das chaminés, Hirundo rustica, a andorinha dos beirais, Delichon urbica, a andorinha das rochas, Ptyonoprogne rupestris, os chapins real e azul, Parus major e Parus caeruleus, o estorninho preto, Sturnusunicolor, a tordeia; Turdus viscivorus; o cartaxo-comum, Saxicola torquata, o peto verde, Picus viridis; a gralha preta, Corvus corone; a carriça, Troglodytes troglodytes; o melro negro, Turdus merula; o pisco ruivo, Erithacus rubecula; a toutinegra de cabeça preta, Sylvia melanocephala; a felosa do mato, Sylvia undata; o papa moscas preto, Ficedula hipoleuca; a águia de asa redonda, Buteo buteo.
A Quinta é visitada por mamíferos como o javali, Sus scrofa e o texugo, Meles meles.